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Bahia Gera Energia Elétrica a Partir do Capim Elefante |
Miriam Hermes, Barreiras/BA.
Pioneira no Brasil e a maior do mundo (existem duas de pequeno porte, uma da Inglaterra e outra nos Estados Unidos), a usina Sykué Bioenergya, instalada na zona rural de São Desidério (a 860km de Salvador), está pronta para produzir energia elétrica com a incineração de capim elefante triturado.
Com capacidade de gerar 30 megawatts de energia (MW), o suficiente para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes, a usina é a primeira das quatro projetadas pelo grupo no município,que foi escolhido pela disponibilidade de terras, condições de solo e clima, bem como a facilidade de conexão com a linha receptora da Coelba, que vai distribuir a energia vendida no mercado livre.
Para a primeira etapa do projeto, iniciado na prática há três anos, foram plantados 4.600 hectares de capim elefante, que deve ser suficiente para movimentar a primeira usina durante todo o ano.Uma vez plantado, o capim elefante produz até 20 anos com cortes anuais.
No local, que tem índice pluviométrico de 1.500 mm/ano, são irrigados com água do Rio Grande, apenas os canteiros que produzem as mudas.O projeto da usina foi desenvolvido pelo sociólogo Paulo Puterman, em parceria com os sócios Ana Maria Diniz e Luiz Felipe D’Ávila. Juntos, eles investiram mais de R$ 100 milhões.
Segundo o diretor-geral da Sykué, engenheiro eletricista e mecânico Norbertino Morais, para implantar o projeto foi adquirida uma área de 11 mil hectares, com mais de cinco mil hectares de pastagens abandonadas (no local havia um projeto de pecuária)."Não precisamos derrubar o cerrado, apenas recuperamos o que estava degradado”, disse, acrescentando que para implementar todo o projeto,áreas próximas estão arrendadas e outras podem ser adquiridas.
Ele acrescentou que o capim elefante leva vantagem sobre outros vegetais usados com o mesmo fim, como a cana-de-açúcar e o eucalipto (que já tem usinas em funcionamento no Brasil), em relação ao tempo necessário para que estejam em ponto de colheita e à capacidade de gerar energia por hectare plantado.Além disso, frisou que o capim (gramínea originária da África), pela sua rusticidade, é de fácil adaptação na região, que tem, pelo menos, seis meses de seca por ano. Com baixa exigência de adubação e índice de doenças, para produzir nas ácidas terras de cerrado, o capim-elefante só precisa de correção do solo, de acordo com os responsáveis pelo projeto.
Outra vantagem, afirmou Morais,“é que o gás carbônico produzido durante a queima do capim, é bem menor do que o consumido no período de desenvolvimento da planta, o que nos motivou a elaborar projeto de resgate de crédito de carbono”. A estimativa é que a Sykué tenha crédito positivo equivalente a um milhão de toneladas/ ano.
Para formar a equipe de 110 funcionários fixos (em tempo de plantio, há reforço com trabalhadores sazonais), o grupo trouxe cerca de 30 pessoas de outros estados, por falta de técnicos especializados na região. “Essas pessoas de fora (como ele próprio) estão ajudando a disseminar este conhecimento com as pessoas daqui, pois nosso objetivo é trabalhar com o máximo possível de mão de obra local”, afirmou o gerente de produção de energia, engenheiro eletricista Cláudio Dias, animado com os resultados do projeto.
A estrutura existente no local conta com vila para funcionários, onde funciona uma escola até a 4ª série do ensino fundamental para atender filhos dos trabalhadores.
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